data-filename="retriever" style="width: 100%;">
Até então, nada do que aqui se fez teve caráter de permanência, tanto que o Padre Ambrósio passou a reivindicar a desocupação de suas terras. Nesse momento, porém, surge um homem com a determinação de dar continuidade ao núcleo urbano nascente. Opondo-se ao desejo do padre Ambrósio, o Capitão Manoel Carneiro da Silva e Fontoura - comandante do Distrito Militar do Vacacaí, criado logo após a dissolução da Guarda Portuguesa do Passo dos Ferreiros, em 17/02/1802 - requereu licença para erguer um oratório público no Acampamento de Santa Maria. A licença foi concedida e o padre Ambrósio, descontente, retirou-se para São Borja onde assumiu o vicariato.
O Cap. Carneiro da Fontoura tornou- -se o líder natural, não só por ser a pessoa mais importante, mas porque teve, desde o início, a determinação de dar as condições de desenvolvimento para a povoação.
A 17 de fevereiro de 1804, o Acampamento de Santa Maria é elevado à categoria de Oratório, primeira etapa da oficialização da nova povoação. A 13 de maio de 1804, dá-se o primeiro batizado. Em 1805, são feitas as primeiras concessões de terrenos públicos, sempre sobre informações prestadas pelo Cap. Carneiro da Fontoura. Em 10 de agosto de 1807, por iniciativa do mesmo líder comunitário, foi instalada a primeira olaria, no local conhecido como Alto da Eira, atual Benjamim Constant, imediações do Colégio Coração de Maria. Em 29 de fevereiro de 1808, o Cap. Carneiro da Fontoura contrata (e provavelmente custeia) a construção da primeira capela de Santa Maria, dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Em 28 de maio desse ano, recebem terrenos no centro da nova povoação várias pessoas importantes, entre elas o Cap. Carneiro da Fontoura, que recebeu o terreno de esquina onde hoje existe o prédio da União dos Viajantes. Francisca Margarida da Fontoura, sua esposa, recebeu o terreno onde hoje está o Clube Comercial.
O nome de Santa Maria da Boca do Monte aparece pela primeira vez em documento oficial do ano de 1809. O nome surgiu da composição do antigo oratório jesuítico com a denominação indígena da picada que dava acesso a São Martinho. Os índios chamavam essa picada de "caá-yuru" (boca do mato). Os espanhóis que primeiro aqui chegaram adotaram o mesmo nome: em espanhol - Boca do Monte. Os portugueses, que vieram 150 anos depois, continuaram a usar a denominação já consagrada.
Em 28 de julho de 1810, o Oratório de Santa Maria é elevado à Capela e, em 27 de julho de 1812, à Capela Curada sempre atendendo requerimentos do Cap. Carneiro da Fontoura. Nessa época Santa Maria já contava com uma população de 800 habitantes. Manoel Carneiro da Silva e Fontoura morou em Santa Maria durante 19 anos e esteve ligado a todos os fatos importantes que consolidaram a povoação.
Era homem de muitas posses. Nos arredores de Santa Maria, possuía uma área considerável, que abrangia terrenos que constituíam a Chácara do Ipê, no final da Rua do Acampamento (Colégio Centenário, Sulbra, antiga Rodoviária). Tinha três léguas de sesmaria no Pau Fincado; Seis léguas quadradas de campo no Durasnal de Santiago e mais terras em São Martinho. Como militar, percorreu todos os postos do Exército, sendo reformado como Brigadeiro e promovido, depois, a Marechal. Representou o Rio Grande do Sul na embaixada popular ao Príncipe Dom Pedro, tendo falado em nome da província no episódio do "Fico". Possuía as Ordens de Cristo e do Cruzeiro e as medalhas das Campanhas do Sul. Em 25 de novembro de 1841, requereu ao Imperador o título de "Barão de Santa Maria da Boca do Monte", que foi negado e isso lhe causou grande mágoa. Quatro meses depois, a 23 de abril de 1842, morria em Porto Alegre. Foi o maior nome nos primeiros anos de existência de Santa Maria e o maior responsável pela sua sobrevivência e evolução como cidade.